quinta-feira, 22 de março de 2012

IRMÃOS

Quando eu era criança não gostava de ter irmãos, eu era a raspa do tacho como se diz no nordeste, e por ser uma criança tranquila, com a única problemática sendo a saúde, não tinha como chamar a atenção dos meus pais.
A adolescência também foi calma para minhas bandas, sempre fui focada, queria estudar, passar de ano, saia, ia pra festa, mas nunca dei trabalho para meus pais, em resumo, acho que fui uma filha sempre chata, nunca dei muitas emoções lá em casa, o senso de responsabilidade me assombrava e a minha maior aventura foi passar no vestibular e descobrir 2 dias depois, porque estava viajando para o carnaval com uma amiga.
Em resumo, sem muitas aventuras, a atenção nunca foi muito focada para o meu lado, eu era a calmaria, e por ser a caçula, mas sem grandes mimos além dos habituais, achava um saco ter irmãos para dividir a atenção.
O tempo passa e nunca pensei que fosse dizer o que direi hoje, mas com o tempo, os irmãos são as únicas pessoas que te remetem o passado, são as únicas partes vivas do que aconteceu em 4, 8, 12 ou sei lá quantas paredes de uma casa, só eles sabem o que aconteceu em tantos anos de vida familiar, muitas coisas só eles sabem como se passou, eles são a única lembrança do que é ter uma família em sua infância, a única lembrança de momentos que só vocês tiveram.
Irmãos são marcos em sua vida, eles são aquilo que nos lembram o que passou, são os dias de alegria em uma festa de aniversário, ou os dias estranhos que as crianças não entendem, são o vídeo game que você descobre que tem que dividir, afinal, 2 controles e 3 pessoas; são as pessoas para quem mostra o presente de natal, são os brinquedos que se aprende a dividir,  as vozes que você sabe identificar, as pessoas que você quer ser, as pessoas que você não quer ser, um pedaço de ti e um pedaço que nem parece ser seu. Irmãos, eles existes não para ser seus parceiros de tricô, mas para você lembrar de onde veio, para lembrar de coisas bobas que te fazem rir ou de coisas bobas que te fazem chorar, que te fazem lembrar que ninguém é só, e que alguém te liga, e como diz minha avó, para lembra que sangue dói, e mesmo você conhecendo os defeitos, detesta outros dedos apontando.
Irmãos, são aquela lembrança do passado, e às vezes, aquilo que te leva ao futuro, são os únicos que entendem algumas dores, os únicos que compreende os teus sorrisos, são aqueles que não conhecem teu coração, mas que sabem até onde vai uma dor, ou até onde vai um sorriso. A única ligação que você tem com o passado e o futuro, aquilo que liga o futuro e o presente, nos presenteiam com sobrinhos e nos fazem ficar bobos, como crianças que já fomos, sem entender o amor e a dor... irmãos, aquilo que amamos e nem sabemos o porquê.

(texto dedicado aos meus irmãos – e a minha tia-irmã -  que nem devem saber que eu tenho um blog)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Remando contra a maré


É muito louco, porque às vezes não adianta querer melhorar, ou ser correta, ou dar o melhor que puder,  o serviço público está tão acostumado com a mediocridade e com as falácias, que não adianta ser bom, talvez serviço público não é um lugar para bons, talvez seja só um lugar.
Antes eu me revoltava, hoje até me irrito ainda, mas de certa forma, boa parte de mim já desistiu,  é o básico que esperam, e não adianta querer pegar um pão de ló e fazer recheio e cobertura, só querem o pão de ló, e sem recheio,  por favor.
Sinto falta da iniciativa privada, juro que sinto, mas a estabilidade e um salário razoável me faz parar e ver que não tem como trabalhar por amor quando se tem contas a pagar no final do mês.